domingo, 6 de junho de 2010

Quinta-feira (feriado)


Sentia-me bem melhor estando em casa, meu humor mudou e de minha mãe tb. Percebemos a perda do notebook e papai saiu p/ ligar nas centrai de Taxi daqui, mas nd conseguiu.
Passamos o dia bem preocupados com o exame da sexta-feira, pois era preciso novamente puncionar uma veia p/ injetarem o material radioativo e imaginávamos o quanto difícil seria isso novamente. Sem contar a perda do notebook, minha única distração aqui e onde eu tinha inúmeras fotos e material da faculdade desde o primeiro período. Mas depois de tanto sofrimento passado isso nem pareceu tão grave, pelo menos por enquanto.
Amanhã darei continuidade aos relatos contando o que aconteceu na sexta, sábado e domingo.
Mas, já adiantando, hj domingo me sinto melhor.
Beijos para meu irmãozinho e p/ o namorado.

Quarta-feira


Tive insônia durante a noite, talvez por saber que no dia seguinte o sofrimento p/ conseguir puncionar uma veia continuaria. Ensaie todo um discurso p/ falar p/ o meu médico pedindo para ele me dar alta e q eu voltaria outro dia p/ receber o sangue. Logo cedo liguei p/ ele, mas todo o meu discurso ensaiadíssimo não adiantou, ele falou p/ eu tentar mais essa vez e q poderia ser que viesse uma pessoa mais experiente e conseguiria puncionar minha veia.
Minha mãe foi ao refeitório tomar seu café da manhã, eu fiquei sozinha e logo veio o pessoal do laboratório novamente (dei Graças a Deus que minha mãe não ia ver). A mulher chegou e eu contei do dia anterior, quando ela chegou perto eu não agüentei e desabei a chorar, o trauma já estava grande. A mulher ficou com pena e disse que ia fazer o melhor que ela conseguia. De certo o fez, pois conseguiu uma veia logo nas primeiras furadas. Ela ainda tava no meu quarto quando veio a enfermeira chefe e me avisou que teria de puncionar minha jugular novamente (3ª vez já) para fazer a transfusão já que não conseguiriam pegar outra veia. Eu concordei, não me restava outra alternativa mesmo.
Mamãe voltou do café, papai chegou mais cedo Tb e ficaram aliviados quando viram que tinha conseguido coletar meu sangue para o exame.
A enfermeira veio, puncionou a jugular e pôs a primeira bolsa de sangue para correr. Nunca imaginei ter que receber sangue um dia. É mio estranho, sempre tive vontade de doar, mas nunca doei pq não tinha peso suficiente, mas receber sangue é diferente. Dá uma vontade de saber se quem é o sangue p/ agradecer e ao mesmo tempo a gente torce p/ não ter nenhuma reação e blá blá blá.. neura boba.
Dr. Ermelino e Dr. Molinari vieram me ver já no clima de despedida (dessa vez eu ia ganhar minha alta). Fizeram as recomendações do tipo: 2 meses sem fazer esforço, ou carregar peso e nem dirigir; 6 meses sem praticar esporte para evitar o risco de colisão contra meu tórax; comer fígado (eca!!!) para controlar a anemia etc. Dr. Molinari apertou meu esterno mais uma vez (ele fazia isso todos os dias e doía um pouco, mas ele precisava ver se estava estável) e Dr. Ermelino disse que naquele mesmo dia viria o Dr. Rodrigo (oncologista clínico) que seria o médico responsável por meu tratamento dali para frente, mas que ele continuaria a nossa disposição.
A primeira bolsa de sangue acabou e eu aproveitei p/ almoçar (papai comprou um marmitex p/ mim pq eu não conseguia mais nem sentir o cheiro da comida do hospital que me dava enjôo).
A segunda bolsa demorou um monte p/ chegar e o Dr. Rodrigo tb e eu já estava ficando aflita, pois mais tempo demoraria p/ eu ir p/ “casa”.
A segunda bolsa chegou, a enfermeira arrumou td e quem disse que o sangue descia? O sangue não corria de jeito nenhum e a enfermeira teve de colocar um soro p/ correr junto.
O Dr, Rodrigo veio e começou me perguntando o q eu sabia sobre a doença e depois como td tinha começado. Nos explicou um pouco sobre a doença, esclareceu bastante sobre o tratamento e me pediu que fizesse um exame chamado PET-CT ou Cintilografia que consiste na injeção de uma pequena quantidade de radiofármaco (glicose marcada pelo material radioativo Flúor 18 FDG), que após sua distribuição pelo corpo é absorvido pelo tumor, permitindo identificar sua localização, tamanho e se o mesmo se espalhou. Disse que o tratamento pode durar de 4 a 8 meses, td depende do tipo de Linfoma (ainda falta esse resultado da biópsia) e de como eu vou responder ao tratamento. Me receitou 40 comprimidos de Dexamentasona p/ tomar durante 4 dias (10 comprimidos por dia) para diminuir meu inchaço e tb o tamanho do tumor, mas eu só poderia começar a tomar após o exame que ele me pediu e o msm ficou marcado p/ sexta-feira, ou seja, eu teria que agüentar o inchaço por mais dois dias. Disse ainda que tentará apressar o resultado da biópsia segunda-feira e q iniciaríamos as seções de quimioterapia já na semana seguinte. Dr. Rodrigo deixou bem claro q não queria me dar alta naquele dia pq eu estava mt inchada e tb p/ segurar meu acesso da jugular já p/ o exame de sexta-feira, mas eu disse q queria MT ir p/ casa, pois ficar ali já estava me fazendo mal.
A bolsa de sangue acabou e devido ao soro que foi colocado p/ correr junto eu fiquei ainda mais inchada, o que me abalou mt. Tive umas crises de choro por isso e quando a enfermeira veio tirar meu acesso chorei novamente. Realmente aquele ambiente já estava me fazendo mais mal do que bem.
Fizemos todos os acertos, pegamos um taxi e saímos do bendito hospital (era umas 8 hs da noite já e fazia mt frio). Confesso q eu realmente não estava tão bem p/ ter alta, mas acho q ficaria pior se ficasse lá.
Foi uma sensação indescritível sair do hospital, ver a rua, ver gente diferente depois de 9 dia confinada. De pensar que a 9 dias atrás eu entrei ali sem saber se sairia viva e olha eu saindo andando. Só Deus msm p/ conceder tamanha benção.
Estava escuro, chovendo e ainda o taxista errou o caminho. Todos nós estávamos com um grau de estresse mt alto. Chegamos em casa todos preocupados em me proteger da chuva e do frio, tiramos bagagem do carro correndo e esquecemos algo mt valioso do qual fomos dar falta só no dia seguinte. No Taxi ficou uma bolsa com meu Notebook, carregador do celular e câmera fotográfica.
Entende porque estava difícil postar esses últimos dias? Teria de reviver td. Hj me sinto mais forte p/ isso. Sei que esses relatos vão provocar tristeza em vcs, mas como eu prometi contar td, eis aqui. Tenham certeza de que dias melhores virão!!!

Oi galera.

Desculpem a demora em atualizar o blog, mas confesso que não estava muito bem fisicamente nem psicologicamente para tal. Mas aqui estou eu hj para dar continuidade a esta saga. Procurarei colocá-los a par do que aconteceu todos estes dias em que estive ausente por aqui, por isso, separarei por dia e assim contarei td de forma retroativa.


Terça-feira

Ao contrário do que contei no último post, não recebi a transfusão de sangue e nem minha alta hospitalar, para o meu “quase” desespero psicológico.
Tentaram puncionar minha veia p/ o teste de compatibilidade e para a realização de um hemograma cerca de seis vezes (perdi as contas na verdade), tentaram até puncionar as artérias dos pulsos (lugar mais dolorido) e não conseguiram devido ao fato de estar tão edemaciada. Não era possível ver nenhum vaso, estão eles me furavam na sorte mesmo e a agulha não alcançava. Sem contar que a cada furada eles movimentavam a agulha dentro de mim na tentativa de achar um vaso. Agüentei td isso sem chorar, coisa que minha mãe não conseguiu. Chorava tadinha, mesmo eu pedindo p/ ela sair do quarto. Papai ficava o tempo todo do meu lado. Cansada do sofrimento eu pedi p/ pararem e liguei p/ meu médico pedindo que ele autorizassem a fazer isso novamente no dia seguinte pq eu já não aguentava mais de dor. P/ meu alívio ele autorizou. Veio mais uma noite naquele lugar que, apesar de ser mt confortável, depois de 8 dias já tinha se tornado uma prisão p/ mim e minha mãe.